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As calças da minha Ana, e a coragem que (nos) faz falta.

Uma das coisas que às vezes me deixa um bocadinho triste (vá, triste se calhar é uma palavra muito forte) é esta coisa do meu homem não gostar para aí de  40% do meu guarda roupa. No dia-a-dia brinco muito com isso, relativizo (que remédio?) mas lá bem, bem, no fundinho da alma, volta e meia tenho pena. 

Já falei disso por aqui várias vezes, sempre num tom de brincadeira, mas não raras vezes compro roupa, mostro-lhe, e percebo claramente o esforço que o desgraçado faz para não dizer qualquer coisa como ''que horror, mulher. Onde foste desencantar esse trapo?''. Ahahaha, coitadinho :)

 

Contudo, e apesar de ter sempre em conta a opinião dele, não deixo de usar o que me apetece, porque acredito que ter personalidade, e me estar um bocadinho a marimbar para o que os outros pensam, é uma das coisas que me confere alguma graça aos olhos dele! 

Estava aqui a pensar sobre isto e lembrei-me da minha melhor amiga. Quando andávamos na escola, para aí no nosso quinto ano, a Ana usava umas coisas um bocadinho espalhafatosas. Fora da caixa! Vestia imensa roupa da  Benetton, com aquelas cores garridas e padrões malucos, que agora já não se usam tanto, mas que em 2000 e pouco definiam muito a imagem da marca. Lembram-se?

 

Nunca vou esquecer umas calças que vestia, azul turquesa, amarelas, laranja, tudo numa misturenga (GIRÍSSIMA), mas gozadas por toda a gente na nossa turma! E da escola assim de um modo geral...  ''Como é que tu vestes isso?'' Diziam as nossas ‘’amigas’’. ''Pareceres um palhaço'', repetia a crueldade das criancinhas, que são malinas da quinta casa.

E a Ana ralada... estava-se pouco borrifando! Não queria nem saber, coisa rara numa miúda de 11 anos. 

Hoje, a Ana é uma da mulheres mais seguras que conheço. Mais dona do seu nariz...mais auto-suficiente. E acredito muito que está tudo relacionado... que esta coragem ultrapassa a estética e o ramo da traparia. Que se torna um jeito de ser e de estar.

 

Às vezes, quando estou assim um bocadinho mais insegura, ou quando gosto muito de qualquer coisa, mas já sei que as minhas pessoas vão odiar, lembro-me da originalidade da minha Ana. Da leveza que os estarmo-nos pouco borrifando nos traz!

 

Porque isto de nos desprendermos da opinião dos outros (mesmo quando são os nossos amigos, os nossos pais, ou os nosso homens), tem muito que se lhe diga. Mas é bom! Faz-nos menos macacuados, menos medrosos… e isso aplica-se a tudo! Ao que vestimos, ao que dizemos… àquilo que somos!

 

 ''Miga'', se tiveres uma foto das ditas cujas, please envia-me! O mundo precisa vê-las.

Venha dai essa originalidade.... dessa liberdade boa. 

 

Love*

Elza

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